segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Carta

Estava como de costume, e como ele sempre pedira, deitada em seu peito. Fechou os olhos, sabia que já estava tarde, e torcia para que aquele horário chegasse. Não porque queria se ver longe dele, mas pelo o que tinha para entregar. Aquela bolsa, tinha o livro que ele dera de natal e dentro dele havia algo mais. Um pedaço de papel, com uma letra garrancho na qual não conseguira fazer outra melhor. Mas lá, haviam mais que palavras, eram todos os sentimentos de um ano. Ficava olhando o relógio. Faltavam dois minutos. Ele levantou e pegou o relógio. Contava os minutos alto. O estomâgo dela só embrulhando. Era meia-noite. Como sempre, ele começou a fazer graça, daquelas que a faziam rir muito e ficava admirando ele rir da própria piada também. Ela saltou daquela cama e pegou a bolsa, com a carta. Entregou-a à ele. Ela deitou em seu peito novamente, só que estava apreensiva. Ele disse para desligar a tv, porque não se concentraria. Ela a desligou. Voltou a deitar em seu peito. Agora, ela fechava os olhos pra sentir a respiração e o coração dele bater. Ela ficou aflita e ansiada. Ouviu então, ele se mexer, como se acabasse de ler. Olhou pra ela nos olhos. Ela percebeu que os olhos dele brilhavam. Ele abraçou e beijou-a. E então, os dois sorriram. Não era preciso dizer mais nada naquele momento.